sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Meditar alivia dores e fortalece o cérebro!



Há muitos motivos para entrar em um estado meditativo. Agora, a ciência comprovou outros dois: as sensações dolorosas se tornam mais brandas e a massa cinzenta adquire maior resiliência.

Para cada pessoa que tem vontade de experimentar a meditação, há outra que não suporta a ideia de ficar parada, pensando em nada. Tudo certo. Afinal, que seria do azul se todos gostassem do amarelo, não é mesmo? Motivos, no entanto, não faltam para se sentar confortavelmente com a coluna ereta e exercitar a mente. Inúmeras pesquisas indicam que essa prática milenar abaixa a pressão arterial, controla o estresse, diminui o mal-estar da quimioterapia e alivia as dores. Por falar nisso, um estudo da Universidade de Montreal, no Canadá, confirma que um tipo específico de meditação, a zen, é mesmo eficiente contra o incômodo: é capaz de reduzir a percepção de sensações dolorosas em 18%. O trabalho descobriu ainda que esse maior manejo do sintoma se deve, entre outros fatores, a uma redução no ritmo respiratório. “O metabolismo se torna mais lento quando ficamos em repouso”, explica Elisa Kozasa, pesquisadora do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo. “Por isso, a reação a um estímulo desconfortável é menor.”

Os cientistas canadenses também revelam outro benefício do método: quem medita suporta melhor essa baita indisposição mesmo quando não está imerso nos momentos de total tranquilidade. Ou seja, o efeito positivo se prolongaria pela vida afora. “A indicação dessa prática para a dor crônica é um clássico. Um de seus defensores é o professor John Kabat- Zinn, da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos”, confirma Paulo de Tarso Lima, especialista em medicina integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Além desses quadros, o pesquisador americano ensina a meditação para lidar com ansiedade, estresse... Uma das razões é que a técnica aumenta a resiliência. Ou seja, a gente se frustra menos diante daquilo que não controla. “A prática meditativa nota o estímulo, mas deixa de se envolver com ele. É como se nos tornássemos um pesquisador que está observando o fato sem se enrolar com ele. A emoção da dor passa a não ser tão negativa”, compara Elisa. Estudos de neurociência comprovam que as duas áreas — a da emoção e a da dor — estão relacionadas. Também de Montreal, um estudo com 13 voluntários demonstrou, por meio de ressonância magnética, que a dor era amplificada quando vinha junto de uma imagem ruim e assustadora. E suavizada quando acompanhada de fotos com sol, sombra e água fresca.
Quem medita modifica o cérebro. E com alguma vantagem. Se não fosse assim, não haveria tanta gente começando — e continuando nessa onda. É mais ou menos como malhar numa academia de ginástica. Dá uma baita preguiça ir à primeira aula, mas uma vez lá, a atividade vicia. Já que o assunto é ginástica, não é que os estudos revelam o aumento na massa cinzenta de quem põe os pensamentos em estado meditativo?

A constatação veio por exames de ressonância magnética realizados por um grupo de pesquisadores americanos da Universidade da Califórnia. Eles observaram que certas regiões importantes do cérebro são mais espessas nos praticantes do treino mental. A diferença foi gritante nas áreas relacionadas à memória, à atenção e à tomada de decisões. Ou, anatomicamente falando, no hipocampo, no córtex frontal, no tálamo e no lobo parietal. “As alterações no córtex de quem medita foram descritas pela primeira vez por uma pesquisadora de Harvard, Sara Lazar, em 2005 ou 2006”, conta Elisa Kozasa. “Esse novo estudo é um bom sinal, mas é preciso fazer mais pesquisas porque não se sabe se esse aumento significa maior número de neurônios e conexões sinápticas. Se for, pode representar vantagens, principalmente à medida que envelhecemos.” 

As pesquisas têm que evoluir, mas os pesquisadores já fazem suas apostas. Será que meditar pode mudar a expressão de um gene? E será que o gerenciamento do estresse com a meditação altera a atividade de enzimas que levam ao envelhecimento celular? “Um trabalho pioneiro com a participação de Elizabeth Blackburn, prêmio Nobel de medicina deste ano, está em busca dessa resposta”, anuncia Paulo de Tarso Lima. A bióloga australiana participa de um estudo que investiga quanto o controle do estresse pela meditação reduziria as ameaças de danos da telomerase, a enzima que protege as terminações dos cromossomos. Proteger essa enzima é a mesma coisa que dizer vida longa às células. E Elizabeth alegou que certas meditações tiveram efeitos salutares nesse ponto. 

Construir um cérebro mais forte, que colabore com a longevidade humana, já é visto como conseqüência da prática mental. A hipótese é que, ao desempenhar essa atividade, o indivíduo se presenteia com uma cascata de eventos benéficos. “Estruturas como hipotálamo, hipófise e glândulas suprarrenais diminuem sua atividade e, assim, há menor secreção de cortisol, o hormônio da tensão”, explica a especialista em bases fisiológicas do comportamento Edna Bertini, da PUC de São Paulo. No fim, há a liberação de serotonina, substância relacionada a bem-estar e diminuição da depressão, e melatonina, que reduz a dor e a sensação de medo. “Por esse equilíbrio fisiológico, a meditação é uma ferramenta útil”, diz Edna. Difícil não querer experimentar. 

Segundo estudo da Universidade Dalhousie, no Canadá, a meditação está entre as práticas complementares que mais benefícios trazem aos pacientes com câncer.

Há 1.764 estudos com referência ao treino mental nas pesquisas divulgadas pelo PubMed, a respeitada biblioteca eletrônica dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.

* Por Kátia Stringueto.

Texto original: Site da Saúde Abril.


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